Os “bens e serviços”
estratégicos e de segurança de um país jamais devem estar sob controle privado,
bem como regidos por leis do mercado. E porque não podem e não devem? Primeiro,
por que as condições de estratégia e de segurança dizem respeito às
necessidades vitais da operacionalidade social e do perigo de sua exaustão.
Vamos tomar o caso, por exemplo, dos minérios raros e essenciais à tecnologia da
saúde e da medicina. Temos, por exemplo, o titânio, o bário (1 e 2) e o nióbio,
para não citarmos muitos, que são empregados em ligas leves e resistentes em
vários campos da ciência e da tecnologia. Todavia, meu foco principal, nesse
passo, é o da produção de energia elétrica. A energia elétrica jamais poderia
“estar nas mãos” da atividade privada porque o seu fornecimento precário ou sua
falta pode inviabilizar um país. O impressionante disto tudo é que quando das
privatizações (privataria tucana) estas foram ressaltadas como a “tabua de
salvação” da economia brasileira como redução do pesado Estado e até “eventual
redução de tarifas” e a receita das mesmas seriam para a amortização das
Dívidas (externa e interna) (kkkkk). Hoje vemos que tudo isso foi uma “tremenda
balela”, pois temos uma tarifa energética das mais altas do mundo castigando a
população e onerando bombasticamente os empresários que só têm uma saída: o
repasse aos consumidores. Mas, não é só isso, a energia elétrica contida sob o
domínio de empresários tem o outro lado negro da história que se
estivesse sob a responsabilidade e administração do Estado não teria. Os
aumentos são abusivos e de critérios duvidosos, já que os empresários jamais
estariam dispostos a reduzir seus lucros em favor da sociedade e as
dificuldades de investimentos de expansão e reequipamento continuariam a
depender do Estado. Com a produção e a distribuição da energia elétrica “nas
mãos do Estado” as vantagens seriam as seguintes: a redução da receita não
seria compensada com aumentos de tarifas e sim com redução de lucros; a busca
de outras fontes de energia (eólia, térmica etc.) seria imediata e os recursos
disponíveis se apresentariam celeremente. A natureza e a estrutura das empresas
de energia jamais poderiam ser em forma de economia mista para evitar as
“interferências e restrições perniciosas de acionistas” que só visam lucro, mas
sim como empresas públicas com capital totalmente do Estado, como o são a
Empresa Brasileira de Correios - EBCT e a Caixa Economica Federal, os últimos
resquícios de patrimônios estatais rentáveis e bem administrados. Infelizmente,
a rapinagem já está de olho nestas duas grandes empresas. Ah! Mas e a corrupção?
Ué? Mas a corrupção só está com a Administração Pública? E as grandes
empreiteiras da Petrobrás não são privadas? O que se precisa é de AUDITORIA
severa e permanente, sempre! Povo
brasileiro deve dar um basta nestas arbitrariedades antes que seja tarde,
demais! Vamos abrir um espaço para o contraditório. Isto porque lá em baixo ou
em cima (como queiram) alguém vai dizer, mas em países avançados, como a França
(3), por exemplo, a produção e a distribuição são privadas. Não, não são; o
governo francês mantém mais de 70% do seu capital em domínio do Estado por
considerar que energia de quaisquer fontes é estratégica e por isso o seu controle
deve ser estatal. E no Canadá (4) como funciona? Neste país espetacular em
todos os sentidos a geração e distribuição na Província de Quebec são
totalmente estatizadas e a baixo custo aos consumidores; os resultados
positivos da operação energética retornam ao Estado que por sua vez distribui
em favor dos usuários. Na Suécia é um misto de energia nuclear e de outras
fontes, inclusive do lixo, mas tudo controlado pelo Estado, isto é, pelas
comunas municipais (5). O que se percebe é que em todos os países mais
avançados a energia de quaisquer fontes deve ser produzida a baixo custo para
favorecer os consumidores e viabilizar a
atividade econômica, objetivos que parecem não serem os das “empresas elétricas
brasileiras”, hoje todas privadas, reforçadas com o apoio do atual governo. Pelo
que já pesquisamos, vemos que a maioria
dos países cuja inteligência da politica energética é consciente, não abre mão
do controle estatal das fontes de energia e dos minérios estratégicos.
(1) https://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%A1rio
(4) https://pt.wikipedia.org/wiki/Hydro-Qu%C3%A9bec
(5)
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142007000100018&script=sci_arttext
Estou esperando "os caras pintadas" me contestar! Porque não? "É do debate que nasce a luz" já dizia o filósofo grego, certo?
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