domingo, 2 de outubro de 2011

PENSAMENTO DO DIA 02-10-2011

A Rede de Televisão de “maior audiência” a serviço do neoliberal capitalismo clássico internacional, sempre entra em temas complexos que é um contra-senso aos princípios que defende. O de hoje, p. ex., pela manhã chamou um “Organizador Financeiro” para tentar minimizar os “sérios problemas de orçamento doméstico” da população em tempo de crise. Sérios, neste “modelo” eu diria que é desde sempre, já que mesmo nos tempos de bonança a “pirâmide social inversa” continua crescendo vertiginosamente.
O trabalho que esta TV faz é um “tiro no pé” da economia capitalista já que com as empresas e “empreendedores” arruinados, a “quebradeira” tende a se acentuar. Por isso, mostrar aos consumidores que devem “gastar parcimoniosamente” em outras palavras é dizer para gastar menos, sem que haja esperança de melhora para seu minguado orçamento. O que se precisa urgentemente é aumentar o consumo interno com segurança, aumentando também o “poder aquisitivo” do povo, já que o mercado externo depende de países que tem o “mesmo modelo” e política, dos quais a maioria em piores condições. Por isto, a maior contradição deste “modelo” está em diminuir a “massa consumidora” em favor da concentração de riqueza em franco alargamento da “base da pirâmide”. Quando em tempo de “crise como esta”, buscam o mercado externo sem sucesso, pois o modelo predomina em “espaço global”.
Cristo nas suas andanças pela Galiléia deu vários exemplos de que os proventos de DEUS não devem ser acumulados nas “mãos dos reis”. Multiplicou os pães aos famintos que o esperava em aglomerações; transformou a água em vinho na festa de casamento de amigos etc.
Assim, há mais de dois mil anos já sabíamos que a riqueza não foi dádiva do Criador para ser acumulada nas mãos de poucos. A riqueza em forma de vários “bens e serviços de consumo” deve ser gerada para que esta alcance cada vez mais a população de menor renda.
Se a população tem sua renda cada vez mais minguada, cai a demanda pelos “bens e serviços de consumo” e consequentemente a mesma obriga a redução da demanda atingindo a produção e por último o emprego. Ai é que entra o papel do Estado regulador que através de sua política fiscal promove a desoneração das empresas e estimula a demanda. Mas o Estado deve ter outro papel regulador mais importante através do qual ele promove o aumento do poder aquisitivo de seus servidores e por mecanismos de fomento indireto incentiva as empresas a aumentarem também o poder aquisitivo de seus empregados, gerando mais riqueza ao alcance de todos.
Keynes defensor da economia política e Friedman do monetarismo sabiam e defendiam que o Estado é insubstituível, mas se omitiram quanto a mecanismos para vedar as “imoralidades financeiras” e o descontrole da economia das quais seriam acometidos. O Estado é uma instituição que não foi imposta às Nações, mas sua presença nasceu com estas e é necessária como a água, o ar, a terra e o fogo tão importantes para a existência do Planeta.
Por isso, ao ler “Confissões de um Assassino Econômico” de John Perkins (Edit Cultrix) não tive muita surpresa, já que elaborei meu raciocínio em relação a este “modelo” aos 10 anos de idade quando dentro de uma “Máquina de Beneficiamento de Café” meu tio mostrou-me os “grãos” de 1ª e 2ª qualidades que iam para os EUA, sendo os segundos revendidos aos europeus, e os de 3ª, 4ª e 5ª ficavam para os brasileiros.
Em face disto e de muitos outros fatos que colecionei sobre o assunto ao longo de minha vida nunca tive dúvida de que, com a cumplicidade dos governos nacionais, já subjacente aí a corrupção em todos os níveis, éramos esbulhados vergonhosamente em nossa economia em prejuízo de um povo cada vez mais paupérrimo.
A corrupção administrativa e a imoralidade política são “primas-irmãs” e “filhas legitimas” deste modelo, já que um “Estado” contaminado não tem autoridade e nem quer “dar um basta” nestas mazelas. Eu só não conhecia os fatos, lugares e os quantitativos financeiros que John Perkins mostra em seu livro.
O que apenas me intriga com relação a John Perkins é o seguinte: ele fez isso por um enorme peso de consciência (ou vingança?) por ter sido um hediondo instrumento do imperialismo criminoso? Ou já que viveu durante mais de três décadas desfrutando das maiores luxurias e extravagâncias materiais. Vendo esta fase acabar (será?), resolveu faturar um pouco mais pessoalmente com uma obra que parece lhe daria em sua “consciência” uma pequena desoneração de seus nefastos remorsos? (Veronesi, I. apesar de não parecer, é também cristão)

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