quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

 

MODELO ESGOTADO NAS TRANSFORMAÇÕES DO TEMPO

Dia 09-06-2012                                                                                                     Ivan Veronesi

Muitas pessoas me perguntam se sou socialista. Eu digo que mais ou menos. Eu explico, com relativa facidade, pois nunhum modelo sócio-economico pode trazer em suas raízes a radicalização, já que ninguém é dono da verdade. O liberal capitalismo tem alguns principios saudáveis, desde que cumprido com honestidade e visando o bem social e do país como um todo. O melhor deles, p. ex., é a liberdade de iniciativa e de opiniões, em termos. A França já teve e recentemente elegeu outro Presidente socialista, François Hollande, em face da omissão e licenciosidade de Nicolas Sarkosy às legítimas causas do país que, em outras palavras, era a submissão incondicional aos países financeiramente poderosos. E porque afirmo em primeiro lugar com honestidade e nacionalismo. Isto por que os grandes e alguns pequenos empreendimentos econômicos são dirigidos em favor dos grandes grupos financeiros. O que significa isto? Acho que o mundo capitalista tem por principio de que todos têm um preço. Ora, se a educação, a moral e a ética do povo, princípios que são nobres em relação àquele comportamento, como podemos ter uma sociedade justa e socialmente equilibrada. Aí o silogismo é perfeito: “Se tenho governantes politicamente honestos” (1ª prop.) – e – “Uma equipe competente, inteligente e dinâmica” (2ª prop.). Conclusão (3ª prop.): “É inevitável surgir país socialmente equilibrado”.

No capitalismo impera os mais variados mecanismos sub-reptícios econômico/financeiros para atingir um único objetivo final: o lucro ou mais valia! Vejam vocês como foram vendidas as nossas empresas estatais. Aliás, as mesmas foram constituidas com recursos financeiros que vieram de tributos, portanto, pago pelo povo, por isso sua venda mesmo por preço justo, visando o benefício de outras áreas sociais constitui, mesmo assim, um esbulho ao povo. É preciso denunciar que todas, sem exceção, são alienadas através de Leilões tendenciosos, isto é, onde predomina a má politica de governos títeres ou subornados, ou quando não (o que é muito difícil) pelos acordos de vínculos de grandes créditos financeiros.

É por que quase a totalidade de nosso povo acha que a regra do neoliberal capitalismo é imutável. Ledo engano, já que se tudo se transforma, e o neoliberal capitalismo, se assim podemos denominá-lo, esgota-se aos efeitos e defeitos nefastos do crescimento das cidades, sem a sinergia do equilíbrio entre o ecossistema e os seres vivos do planeta.

Vou dar apenas um exemplo do mineral mais precioso do mundo no momento em face de sua geração de energia e outros derivados de suma importância à indústria química e farmacêutica. Ora se meu país possui grandes jazidas de petróleo de boa qualidade (óleo fino) porque nós um país fronteiriço com nossos irmãos latinos americanos, vamos intentar artifícios mentirosos e falaciosos para invadí-los, pressionando-os a nos apoiar.

Aliás, isto nem é capitalismo, pois assim se apresentando tem contornos de terrorismo capitalista! Outro exemplo é o caso de projeto SIVAM na Amazônia. O que muitos não sabem é que “forças políticas e financeiras internacionais”, afastando a França da concorrência, exerceram pressão para emprestar 1,4 bilhão de dolares, além de impor outras várias condições.

O caso da China, p. ex., foi muito “bem bolado”, ou seja, as forças capitalistas financiaram um Programa de capitalização do país, aproveitando a imensa “Mão de Obra” escrava para fabricar produtos “made in China”, todavia com etiqueta de marketing das mais variadas empresas do mundo. Agora a China quer produzir e vender diretamente os seus produtos no mercado internacional, com certeza quebrando muitos países atravessadores à sua grande produção.

E os cartéis como se formam? Aliás, os cartéis na verdade existem para atingir o mesmo objetivo de um monopólio, ou seja, dominar o mercado, já que os preços e condições são acordados por várias empresas. Hoje vi pela manhã num dos importantes Canais de TV deste país, “apelos conscientes e dirigidos” para buscar formas de solucionar as mazelas, quais efeitos (e não causas) de um modelo esgotado e predador.

Quando se fala em “distribuição de mais riquezas” como a “única solução” para multiplicar e fortalecer a economia, os mentores do modelo se arrepiam e continuam temendo a perda de mais rendas, valias e privilégios. Todavia a mecânica do raciocínio é elementar, já que se um país aumenta o poder aquisitivo do povo da base social, certamente o mesmo não vai gastar em viagens ao exterior e produtos de luxo e sim no mercado interno, consumindo mais mercadorias e serviços, portanto criando mais empregos e oportunidade para os mais pobres, redobrando ou triplicando o lucro e vantagens aos investidores.

A França e a Espanha são tradicionais países que alternam governos socialistas e nunca se ouviu falar que os mesmos de “formas autoritárias” saíram saqueando e/ou sequestrando bens das classes mais ricas. O que se vê sim é uma persistente posição para que os mentores dos capitais não tenham como única meta a busca constante de cortes nas conquistas sociais para manutenção da condição holística do povo.

O modelo sócio-capitalista do modo como foi concebido em nosso país é “afunilador da pirâmide social” e exaustivo nas riquezas minerais e vegetais, além de predador dos recursos benéficos à vida na terra, buscando sempre o empobrecimento das nações através de mecanismos de “política financeira concentradora” e usa da “mídia” massificante para insistir na motivação ao consumismo às classes B, C e D em que todos os artifícios são acionados para sugar o meio circulante, tais como cartões de crédito, empréstimos consignados, crédito pessoal e outras formas de crédito, nunca, porém, optando pelo aumento do “poder aquisitivo” dos trabalhadores gerado pelo próprio trabalho.

Assim como temos o “circulo vicioso da pobreza” temos também o “circulo vicioso da riqueza”, ambos demonstrados acima.

Por outro lado, um dos grandes crimes históricos cometidos contra as nações periféricas, em especial as ocidentais e asiáticas, foi o “boicote” da matriz viária ao transporte urbano de massa.

Curitiba, por exemplo, com ruas e avenidas estreitas, sem o projeto urbano definitivo, hoje com uma Região Metropolitana com um raio por volta de 100 (cem) quilometros e tres milhões de pessoas, manietados por grupos conhecidos do transporte urbano aliados a dirigentes publicos cúmplices, não conseguiu fazer sair do projeto o tão decantado trem metropolitano, mais conhecido como Metrô e nem os trens elétricos periféricos rápidos e antipoluitivos (norte/sul – leste/oeste), como de muitas cidades avançadas, desafogando a locomoção das pessoas, ao exemplo Argentina que o possui Metrô desde 1913, ao tempo de governos menos subjugados ao capital externo.

No Brasil a matriz viária baseada no modal ferro-hidroviário foi abortada pelas multinacionais, já que a mesma iria reduzir os grandes investimentos (obras de infraestrutura) na malha rodoviária em nível nacional e principalmente o consumo de combustíveis a base de petróleo.

No que concerne à exaustão das florestas do mundo, vemos que seria totalmente viável se os países em vez de repudiar as compras de madeiras de florestas nativas, deveriam produzir seus próprios reflorestamentos artificiais, contribuindo assim em parte com saudáveis condições climáticas do mundo.

Aliás, por falar em florestas nativas, é bom que se lembre de que sua devastação começou no sul do país quando a Southern Brazil Lamber & Colonization Company, companhia de origem inglesa que, em contrato com o governo brasileiro, detinha o direito de ceifar nas margens da ferrovia, em 15 quilômetros de cada lado, todas as espécies, mesmo as nobres, de interesse à comercialização internacional.

Além de um mau exemplo deixado por aquela empresa inglesa aos colonizadores brasileiros, em especial os do sul do país, ficaram privados das melhores espécies de “madeiras de lei”.

Por outro lado, se uma sociedade não distribui condignamente a riqueza, e, também, não mantém instituições públicas com serviços gratuitos e de boa qualidade, a população ao chegar à pobreza extrema, sem esperança e com maus arquétipos veiculados pela “mídia”, certamente não tem outra opção a não ser abraçar a marginalidade e, daí, a passos largos à delinquência e ao banditismo.

*Ivan Veronesi é Auditor- Fiscal de Tributos, aposentado; tributarista; Administrador (CRA/PR 297); Bacharel em Sociologia e Política, pós-graduado em Administração Pública (UNIVALI – 2016) e  professor aposentado.