O certo e o errado
(Resposta...)
*Ivan Veronesi
Desde que passei a ter discernimento do que é “O certo e o errado” a
partir dos meus 15 anos, quando começou aflorar meu raciocínio crítico da
politicalha brasileira, que vejo “as grandezas brasileiras” ruir como “castelos
de areia”. Com Getúlio Vargas, por exemplo, homem sério e de família rica por
tradição rural, queria o melhor para o Brasil e para seu povo através de um
país independente e autossuficiente (1), mas foi interceptado e assassinado (2)
pela “direita lesa-pátria”, na verdade uma facção liderada por Carlos Lacerda a
serviço de “bandidos ricos”, numa “mal montada” falsa trama para assassinar o
mesmo Lacerda, quando acertaram mortalmente um Tenente da Aeronáutica (Vaz), e,
posteriormente, o deputado apareceu às vias públicas com “um falso pé baleado”.
Fizeram isso com o governo de Getúlio eleito soberanamente pelo povo, todavia
em face da cobiça e interesses em jogo, os instáveis e ilegítimos governos
claudicantes que se seguiram foram até a eleição de Jânio Quadros com o Vice
João Goulart que era homem de confiança de Getúlio. Jânio, de personalidade
forte e “queixo duro” teve que renunciar por pressão da mesma direita (forças
ocultas), todavia “tiveram que engolir” o seu Vice, o Jango como era
popularmente chamado, ao atravessar um período de Parlamentarismo com Tancredo
Neves, Brochado da Rocha e Hermes Lima, mas por pressão politica e popular,
volta Jango no presidencialismo, já preparado para fazer todas as mudanças que
o país mais necessitava em especial as Reformas (todas), tendo como as
principais a Agrária, a Trabalhista e Previdenciária, a Política e do Estado
brasileiro, a Tributária e a Urbana. As Reformas que eram todas para o bem do
povo brasileiro foram consideradas comunistas (claro!), pois mexia com os
“quinhões” da “elite brasileira” apoiada pelas Forças Armadas. Após isso,
estourou o “golpe militar” de 64, ao qual fazia parte um “grande plano” da
“direita internacional” (hegemonia anglo/americana) para a América Latina batizada
de Operação Condor, quando aportou aqui o secretário Henry Kissinger e CIA para
dar as instruções de praxe. A propósito hoje o Congresso só fala em fazer as
reformas trabalhista e previdenciária, já que “nesta e noutras crises” quem
sempre paga é o trabalhador. Na atual conjuntura a “crise da vez” é a Petrobrás
com a Operação Lava-Jato montada, agora sem a presença de norte-americanos se
não “dá na cara”, para desmoralizar o governo do PT e conseguir entregar a
última estatal que foi orgulho do Brasil. Ninguém embaça a vista de quem tem
“boa visão e percepção politica”, em especial em país como nosso em que as
bravatas são dos mais baixos níveis. O descrédito de um político no Poder não
se conta só em face do balanço das ações positivas e negativas, mas
principalmente se seu saldo for desfavorável. Todavia, não só de boas ações
pode caminhar um país. É preciso muito mais; é necessário em primeiro lugar
mudar o eterno modelo de concentração de riqueza e benefícios às classes mais
altas, mesmo porque a Receita Tributária na sua maior parte provem,
contraditoriamente, pagos pela maioria da população através dos Impostos de
Consumo (IPI e ICMS), também classificados como impostos indiretos, quando o
correto é que o país fosse sustentado pelos Impostos Diretos, ou seja, o
IRPF/PJ, Contribuições Sociais e IPVA (3). Os impostos indiretos oneram a
produção de bens e serviços, como alimentos, máquinas etc. Já os Impostos
Diretos oneram a Renda/Lucros e o Patrimônio (4).
A propósito de farsas, quantas delas o povo teve que engolir desde o
Império citado pelo nosso conspícuo articulista, quando tivemos que enfrentar a
primeira República tupiniquim. É importante observar que a sociologia nunca
esteve em alta em nosso país, nem tampouco a Ciência Política, já que nossos
políticos não precisam ter mais que o ensino fundamental e ser de moral
ilibada. A verdade é que em nosso país não existem partidos políticos de
tradição afinados com a nossa “realidade social”, mas sim grupelhos de
“parlamentares” interessados em desmantelar instituições como argumento de
convencimento ao eleitor brasileiro (5). Se Pereira de Vasconcelos lia Edmund
Burke, conservador inglês que tinha mil motivos para não “ver com bons olhos” a
França e a Revolução Francesa, não tem a menor pertinência para nossa
realidade, mas para o Reino Unido sim, pois este perdeu a Guerra dos 100 anos e
de quebra a guerreira Joana D’Arc armou o seu povo e expulsou os ingleses do
solo francês. Se o mesmo Pereira de Vasconcelos (6) era atrasado por não
defender ideias, pelo menos, mesmo com sua saúde precária, era imbatível em sua
liderança objetiva tanto no primeiro Império como na Regência Provisória e,
especialmente, honesto em seus princípios.
Por outro lado, quando falamos em promiscuidade entre homens públicos e
empresários, não esqueçamos que só agora, ao aflorar as agudas agruras de “um
golpe econômico” mundial de amplas proporções com reflexos altamente
desastrosos a todos os países com “veias abertas” no planeta é bom relembrar
que os nossos governantes do passado trocavam informações valiosas (7) com a
maior naturalidade com governantes de outros países sobre projetos
estratégicos.
Por falar em políticos de oposição, também não esqueçamos que a maior
oposição fazem os políticos contra o povo, quando há décadas e um século o
Congresso em peso votam leis entregando as riquezas nacionais ao capital
estrangeiro, sob a alegação de que eles têm melhor tecnologia. Os surrados
mecanismos conservadores de buscar o equilíbrio orçamentário arrochando
salários e cortando gastos socais de altíssima imprescindibilidade, bem
demonstra que nada mudou desde Adam Smith veio ao mundo.
Aos que conhecem bem a história pelo seu lado crítico, muito pelo
contrário, sabe que tudo caminha como sempre, tanto que a pobreza aumentou
consideravelmente, apesar da politica petista de tentar erradicar a fome no
solo brasileiro. Se houve erro ou dolo de governantes brasileiros, punam-se
todos, implacavelmente, com leis severas retroagindo aos que ainda estão vivos.
Belas palavras e elucubrações filosóficas não é atestado de suficiência para
comandar um país que precisa encontrar o “vácuo perdido” entre a eficiência e a
eficácia. Temos de conscientizar o povo brasileiro que o Brasil não vem
claudicando por apenas uma década e sim desde o período Imperial quando pela
primeira vez pediu emprestado 3,7 milhões de libras esterlinas à Inglaterra (8)
para pagar Portugal em face de “Dívidas da Independência”.
Quem fez um bom curso universitário não de ciências sociais, mas de
ciências exatas de finanças e orçamento e amealhou concretamente estes
conhecimentos sabe que não se debela inflação só com “ajustes fiscais” de
gabinete para obter “Superávit Primário”, já que as raízes do mal estão no
“âmago da história político/econômica do país”. Para quem não quer trair sua
própria consciência é importante raciocinar que os aumentos exagerados dos
preços internos tiveram como causa a importação do petróleo, as altas
generalizadas das alíquotas do ICMS e de outros tributos pelos Estados, a alta
dos juros e do dólar. O Estado do Paraná, p. ex., tido como Estado “bem
aparelhado e de pessoas cultas” só não quebrou porque o Estado “lançou mão” de
altíssimos Impostos, com mais de 95 mil itens de alimentos (ICMS), IPVA e de
quebra ainda sequestrou o Fundo Previdenciário dos professores, além de
sofrerem os ataques sangrentos da PM/PR a tiros de borracha a “queima roupa”.
Pelo visto então é só a “direita” que tem “direito”, em época de crise, comprovadamente
de reflexos externos, a obter “socorros financeiros” para salvar o
Orçamento. “Esquerda” não rima com “direito”, portanto, para salvar as finanças
da Nação tem que “fazer milagre”.
Todavia, tudo que eu relato nesta matéria penso que não se configura como
os maiores problemas do modelo econômico predominante no mundo. O que empobrece,
exaure e aniquila a economia dos “chamados emergentes”, na verdade,
subdesenvolvidos, são as DÍVIDAS (interna e externa). O Brasil, por ex., com “essa
crise” passou para 66,2% (9) a relação PIB versus DÍVIDAS, ou seja, de tudo
que o País produz em um ano 66,2% vai para pagar Juros, Encargos e Correção
Monetária das dívidas pública. Mas, o ainda pior é que ao Governo Brasileiro não
lhe é dado “o Direito” de discutir a
idoneidade da Dívida, nem tão pouco propor uma Auditoria profunda como se tudo
fosse perfeito e acabado. Para quem lê e entende um pouquinho de
Finanças Públicas sabe que não é bem assim! O Equador, p. ex., com a Auditoria
Revisional da Dívida Pública conseguiu uma redução substancial, ou seja, passou
de 85,50% seu maior percentual para 16,40% (10). O Brasil está impedido pela própria
CF (art. 166, § 3º, II, letra “b”) de fazer uma proposta revisional das Dívidas
Públicas, mesmo sendo-as altamente duvidosas (11), exatamente por que lá no
passado houve uma fraude à Carta Magna proposta por um Deputado lesa-pátria que
impede propor mudanças no “Serviço da Dívida”.
A bem da verdade, valor que precisa ser resgatado no âmbito político,
houve desenvolvimento econômico no lulopetismo sim, mas os desarranjos
da economia só chegou no governo Dilma pelas causas que já citei. O que precisa
entrar nas cabeças dos neoliberais capitalista é que a economia de um país tem efeito
bumerangue, ou seja, quanto mais o governo injeta dinheiro aos
trabalhadores, mais o mesmo circula e volta aos capitalistas mediante renda e
lucro.
Quando eu ainda estava na Faculdade (déc. 1960) ouvia os Ministros da
Fazenda da “Ditadura Militar” Roberto Campos (o Bob Fields) e o Mario Henrique
Simonsen (12) (o Ministro do cachimbo) dizerem que para “distribuir maior renda
ao povo brasileiro” era preciso o país crescer. O Brasil cresceu (?!), passou a
7ª/8ª potência mundial, todavia a pobreza cresceu em proporção muito maior e a
“prometida distribuição de renda” foram para “as calendas gregas”. Até parece
história de “Papai Noel”. Eu me lembro, quando criança, mesmo enfrentando as
“rotineiras crises” brasileiras, foi-me prometido num Natal da década de 1940
um “bom presente” que nunca chegou. Chorando eu fui perguntar a minha mãe o que
tinha acontecido ao que ela me informou que o “bom velhinho (como sempre...)
estava sem dinheiro”.
Em matéria de governos brasileiros, se formos sopesá-los para avaliar
quem está com o Anjo ou o Diabo, prefiro ficar neutro que é a melhor opção.
(1) Ver em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Get%C3%BAlio_Vargas
(2) Versão mais provável desde
sua morte – Ver em: https://www.youtube.com/watch?v=BSuct9m2VQY
(4 ) Ver em: http://www.portaltributario.com.br/tributos.htm
(5) Ver em: http://novojornal.jor.br/politica/oab-vai-pedir-celeridade-a-conselho-de-etica-para-cassar-eduardo-cunha
(7) Ver em: http://cartamaior.com.br/?/Opiniao/Escandalos-nao-investigados-do-governo-FHC-I-O-Caso-Sivam/26884
(10) Ver em: http://pt.tradingeconomics.com/ecuador/government-debt-to-gdp
(11) Ver em: http://www.cartacapital.com.br/economia/201ca-divida-publica-e-um-mega-esquema-de-corrupcao-institucionalizado201d-9552.html
Obs. As marcas no texto são do
original.
*Ivan Veronesi é um simples
pensador; ufana-se de ser brasileiro, mas tem cidadania italiana.