quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O CERTO E O ERRADO (Resposta...)

O certo e o errado
(Resposta...)

*Ivan Veronesi

Desde que passei a ter discernimento do que é “O certo e o errado” a partir dos meus 15 anos, quando começou aflorar meu raciocínio crítico da politicalha brasileira, que vejo “as grandezas brasileiras” ruir como “castelos de areia”. Com Getúlio Vargas, por exemplo, homem sério e de família rica por tradição rural, queria o melhor para o Brasil e para seu povo através de um país independente e autossuficiente (1), mas foi interceptado e assassinado (2) pela “direita lesa-pátria”, na verdade uma facção liderada por Carlos Lacerda a serviço de “bandidos ricos”, numa “mal montada” falsa trama para assassinar o mesmo Lacerda, quando acertaram mortalmente um Tenente da Aeronáutica (Vaz), e, posteriormente, o deputado apareceu às vias públicas com “um falso pé baleado”. Fizeram isso com o governo de Getúlio eleito soberanamente pelo povo, todavia em face da cobiça e interesses em jogo, os instáveis e ilegítimos governos claudicantes que se seguiram foram até a eleição de Jânio Quadros com o Vice João Goulart que era homem de confiança de Getúlio. Jânio, de personalidade forte e “queixo duro” teve que renunciar por pressão da mesma direita (forças ocultas), todavia “tiveram que engolir” o seu Vice, o Jango como era popularmente chamado, ao atravessar um período de Parlamentarismo com Tancredo Neves, Brochado da Rocha e Hermes Lima, mas por pressão politica e popular, volta Jango no presidencialismo, já preparado para fazer todas as mudanças que o país mais necessitava em especial as Reformas (todas), tendo como as principais a Agrária, a Trabalhista e Previdenciária, a Política e do Estado brasileiro, a Tributária e a Urbana. As Reformas que eram todas para o bem do povo brasileiro foram consideradas comunistas (claro!), pois mexia com os “quinhões” da “elite brasileira” apoiada pelas Forças Armadas. Após isso, estourou o “golpe militar” de 64, ao qual fazia parte um “grande plano” da “direita internacional” (hegemonia anglo/americana) para a América Latina batizada de Operação Condor, quando aportou aqui o secretário Henry Kissinger e CIA para dar as instruções de praxe. A propósito hoje o Congresso só fala em fazer as reformas trabalhista e previdenciária, já que “nesta e noutras crises” quem sempre paga é o trabalhador. Na atual conjuntura a “crise da vez” é a Petrobrás com a Operação Lava-Jato montada, agora sem a presença de norte-americanos se não “dá na cara”, para desmoralizar o governo do PT e conseguir entregar a última estatal que foi orgulho do Brasil. Ninguém embaça a vista de quem tem “boa visão e percepção politica”, em especial em país como nosso em que as bravatas são dos mais baixos níveis. O descrédito de um político no Poder não se conta só em face do balanço das ações positivas e negativas, mas principalmente se seu saldo for desfavorável. Todavia, não só de boas ações pode caminhar um país. É preciso muito mais; é necessário em primeiro lugar mudar o eterno modelo de concentração de riqueza e benefícios às classes mais altas, mesmo porque a Receita Tributária na sua maior parte provem, contraditoriamente, pagos pela maioria da população através dos Impostos de Consumo (IPI e ICMS), também classificados como impostos indiretos, quando o correto é que o país fosse sustentado pelos Impostos Diretos, ou seja, o IRPF/PJ, Contribuições Sociais e IPVA (3). Os impostos indiretos oneram a produção de bens e serviços, como alimentos, máquinas etc. Já os Impostos Diretos oneram a Renda/Lucros e o Patrimônio (4).
A propósito de farsas, quantas delas o povo teve que engolir desde o Império citado pelo nosso conspícuo articulista, quando tivemos que enfrentar a primeira República tupiniquim. É importante observar que a sociologia nunca esteve em alta em nosso país, nem tampouco a Ciência Política, já que nossos políticos não precisam ter mais que o ensino fundamental e ser de moral ilibada. A verdade é que em nosso país não existem partidos políticos de tradição afinados com a nossa “realidade social”, mas sim grupelhos de “parlamentares” interessados em desmantelar instituições como argumento de convencimento ao eleitor brasileiro (5). Se Pereira de Vasconcelos lia Edmund Burke, conservador inglês que tinha mil motivos para não “ver com bons olhos” a França e a Revolução Francesa, não tem a menor pertinência para nossa realidade, mas para o Reino Unido sim, pois este perdeu a Guerra dos 100 anos e de quebra a guerreira Joana D’Arc armou o seu povo e expulsou os ingleses do solo francês. Se o mesmo Pereira de Vasconcelos (6) era atrasado por não defender ideias, pelo menos, mesmo com sua saúde precária, era imbatível em sua liderança objetiva tanto no primeiro Império como na Regência Provisória e, especialmente, honesto em seus princípios. 
Por outro lado, quando falamos em promiscuidade entre homens públicos e empresários, não esqueçamos que só agora, ao aflorar as agudas agruras de “um golpe econômico” mundial de amplas proporções com reflexos altamente desastrosos a todos os países com “veias abertas” no planeta é bom relembrar que os nossos governantes do passado trocavam informações valiosas (7) com a maior naturalidade com governantes de outros países sobre projetos estratégicos.
Por falar em políticos de oposição, também não esqueçamos que a maior oposição fazem os políticos contra o povo, quando há décadas e um século o Congresso em peso votam leis entregando as riquezas nacionais ao capital estrangeiro, sob a alegação de que eles têm melhor tecnologia. Os surrados mecanismos conservadores de buscar o equilíbrio orçamentário arrochando salários e cortando gastos socais de altíssima imprescindibilidade, bem demonstra que nada mudou desde Adam Smith veio ao mundo.
Aos que conhecem bem a história pelo seu lado crítico, muito pelo contrário, sabe que tudo caminha como sempre, tanto que a pobreza aumentou consideravelmente, apesar da politica petista de tentar erradicar a fome no solo brasileiro. Se houve erro ou dolo de governantes brasileiros, punam-se todos, implacavelmente, com leis severas retroagindo aos que ainda estão vivos. Belas palavras e elucubrações filosóficas não é atestado de suficiência para comandar um país que precisa encontrar o “vácuo perdido” entre a eficiência e a eficácia. Temos de conscientizar o povo brasileiro que o Brasil não vem claudicando por apenas uma década e sim desde o período Imperial quando pela primeira vez pediu emprestado 3,7 milhões de libras esterlinas à Inglaterra (8) para pagar Portugal em face de “Dívidas da Independência”.
Quem fez um bom curso universitário não de ciências sociais, mas de ciências exatas de finanças e orçamento e amealhou concretamente estes conhecimentos sabe que não se debela inflação só com “ajustes fiscais” de gabinete para obter “Superávit Primário”, já que as raízes do mal estão no “âmago da história político/econômica do país”. Para quem não quer trair sua própria consciência é importante raciocinar que os aumentos exagerados dos preços internos tiveram como causa a importação do petróleo, as altas generalizadas das alíquotas do ICMS e de outros tributos pelos Estados, a alta dos juros e do dólar. O Estado do Paraná, p. ex., tido como Estado “bem aparelhado e de pessoas cultas” só não quebrou porque o Estado “lançou mão” de altíssimos Impostos, com mais de 95 mil itens de alimentos (ICMS), IPVA e de quebra ainda sequestrou o Fundo Previdenciário dos professores, além de sofrerem os ataques sangrentos da PM/PR a tiros de borracha a “queima roupa”.
Pelo visto então é só a “direita” que tem “direito”, em época de crise, comprovadamente de reflexos externos, a obter “socorros financeiros” para salvar o Orçamento. “Esquerda” não rima com “direito”, portanto, para salvar as finanças da Nação tem que “fazer milagre”.
Todavia, tudo que eu relato nesta matéria penso que não se configura como os maiores problemas do modelo econômico predominante no mundo. O que empobrece, exaure e aniquila a economia dos “chamados emergentes”, na verdade, subdesenvolvidos, são as DÍVIDAS (interna e externa). O Brasil, por ex., com “essa crise” passou para 66,2% (9) a relação PIB versus DÍVIDAS, ou seja, de tudo que o País produz em um ano 66,2% vai para pagar Juros, Encargos e Correção Monetária das dívidas pública. Mas, o ainda pior é que ao Governo Brasileiro não lhe é dado  “o Direito” de discutir a idoneidade da Dívida, nem tão pouco propor uma Auditoria profunda como se tudo fosse perfeito e acabado. Para quem lê e entende um pouquinho de Finanças Públicas sabe que não é bem assim! O Equador, p. ex., com a Auditoria Revisional da Dívida Pública conseguiu uma redução substancial, ou seja, passou de 85,50% seu maior percentual para 16,40% (10). O Brasil está impedido pela própria CF (art. 166, § 3º, II, letra “b”) de fazer uma proposta revisional das Dívidas Públicas, mesmo sendo-as altamente duvidosas (11), exatamente por que lá no passado houve uma fraude à Carta Magna proposta por um Deputado lesa-pátria que impede propor mudanças no “Serviço da Dívida”.        
A bem da verdade, valor que precisa ser resgatado no âmbito político, houve desenvolvimento econômico no lulopetismo sim, mas os desarranjos da economia só chegou no governo Dilma pelas causas que já citei. O que precisa entrar nas cabeças dos neoliberais capitalista é que a economia de um país tem efeito bumerangue, ou seja, quanto mais o governo injeta dinheiro aos trabalhadores, mais o mesmo circula e volta aos capitalistas mediante renda e lucro.   
Quando eu ainda estava na Faculdade (déc. 1960) ouvia os Ministros da Fazenda da “Ditadura Militar” Roberto Campos (o Bob Fields) e o Mario Henrique Simonsen (12) (o Ministro do cachimbo) dizerem que para “distribuir maior renda ao povo brasileiro” era preciso o país crescer. O Brasil cresceu (?!), passou a 7ª/8ª potência mundial, todavia a pobreza cresceu em proporção muito maior e a “prometida distribuição de renda” foram para “as calendas gregas”. Até parece história de “Papai Noel”. Eu me lembro, quando criança, mesmo enfrentando as “rotineiras crises” brasileiras, foi-me prometido num Natal da década de 1940 um “bom presente” que nunca chegou. Chorando eu fui perguntar a minha mãe o que tinha acontecido ao que ela me informou que o “bom velhinho (como sempre...) estava sem dinheiro”.
Em matéria de governos brasileiros, se formos sopesá-los para avaliar quem está com o Anjo ou o Diabo, prefiro ficar neutro que é a melhor opção.  
(1) Ver em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Get%C3%BAlio_Vargas
(2) Versão mais provável desde sua morte – Ver em: https://www.youtube.com/watch?v=BSuct9m2VQY
(5) Ver em: http://novojornal.jor.br/politica/oab-vai-pedir-celeridade-a-conselho-de-etica-para-cassar-eduardo-cunha
(7) Ver em: http://cartamaior.com.br/?/Opiniao/Escandalos-nao-investigados-do-governo-FHC-I-O-Caso-Sivam/26884
(10) Ver em:  http://pt.tradingeconomics.com/ecuador/government-debt-to-gdp
(11) Ver em: http://www.cartacapital.com.br/economia/201ca-divida-publica-e-um-mega-esquema-de-corrupcao-institucionalizado201d-9552.html
Obs. As marcas no texto são do original.
*Ivan Veronesi é um simples pensador; ufana-se de ser brasileiro, mas tem cidadania italiana.